terça-feira, 28 de setembro de 2010

Conto Os Imortais

Rio Grande do Sul, 1893.

Era auge da Revolução Federalista no Rio Grande do Sul. O Sul estava dividido entre maragatos e os pica-paus, dois grupos lutando pelo poder. Eu lutava mas tropas maragatas e você, Ever, era filha do comandante dos pica-paus, Gumercindo Saraiva. Seu nome era Bibiana e tinha 18 anos.
Nunca vou esquecer do dia que eu te vi pela primeira vez. Eu tinha me distanciado da tropa pra pensar um pouco. Toda essa coisa de guerra nunca fez minha cabeça. Matar pessoas inocentes pra provar quem era o mais poderoso não era o que eu queria pra minha vida, mas já que eu tinha entrado nessa, não tinha outra escolha, era lutar ou morrer. Estava caminhando a beira de um riacho quando avistei você. Seus cabelos longos e castanhos presos em um trança atrás da cabeça e aqueles olhos, os mesmo olhos imutáveis, eternos que eu vejo hoje, aqui em minha frente.
Foi só você me olhar para eu perceber que era você novamente, o grande amor da minha vida. Você sorriu para mim e naquele momento, Ever, você viu além do lenço vermelho maragato que eu usava em meu pescoço, parecia que você estava me reconhecendo, vendo quem eu realmente era.
Naquela época eu e Drina já não estávamos mais juntos, mas eu não fazia a mínima idéia de que ela me seguia onde quer que eu fosse, pra sempre matá-la. Sem ter noção dos riscos que eu estava te expondo, nós começamos a nos ver escondidos e foram os melhores dias que eu vivi. Nem a guerra me afetava mais, pois eu tinha encontrado uma razão para viver. Mas um amor proibido daqueles, que envolvia uma guerra, nunca poderia terminar bem.
Nós tínhamos combinado de fugir para Santa Catarina, para que pudéssemos viver nosso amor plenamente. O acordo era nos encontrarmos no mesmo riacho que tínhamos nos conhecido, mas você nunca apareceu. Quando voltei para o acampamento é que fiquei sabendo que alguém tinha contado para meu pai que nós estávamos saindo e ele mandou matá-la. Foi assim que eu te perdi mais uma vez.

6 comentários:

  1. Ah, coloquei o link do seu lah no meu blogue, td bem?
    ;) bjs***

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  2. Wow, Parabéns Bruna!
    Seu conto está realmente MUITO bom!!

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  3. Muito bom, gosto deste estilo de ir construindo aos poucos a história e se dirigindo diretamente à personagem. Parabéns!
    Agora, se me permite um comentário: Gumercindo Saraiva era maragato, não?
    Abraços!

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  4. Era sim, eu me passei na hora de enviar a história :)
    Mas enfim, obrigada!

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